domingo, 12 de fevereiro de 2012

Como há-de encerrar-se o Ano Jubileu das Aparições de Fátima

As Aparições de Fátima ocorreram sob a humilhação republicana. Passados 25 anos, em 1942, o Estado Novo tinha para com uma Igreja uma atitude radicalmente diferente, de cooperação. É então que se celebra o Jubileu das Aparições. O mundo estava em guerra e Pio XII ia proclamar a Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria, como meio para obter a paz. Mas... naquele dia memorável, poucos se deram conta do que de facto se passou...
No dia 18 de Outubro o Diário do Minho, da Diocese de Braga, publicava a nota da imagem abaixo sobre o Jubileu das Aparições: aludia à consagração ao Imaculado Coração de Maria, mas parecia imaginar um acto particular ou quando muito comunitário.
Clique sobre a imagem para a ler melhor.

Para outros aspectos da Consagração, veja-se aqui.

Na quarta-feira anterior

No dia 26 de Outubro, o mesmo Diário do Minho preparava os seus leitores para o grande acontecimento com notícia de primeira página: uma mensagem papal iria ser dirigida "aos católicos de Portugal" e na festa solene far-se-ia a consagração ao Imaculado Coração de Maria.
Que diferença em relação ao que de facto aconteceu! Foi proferida uma mensagem para o mundo inteiro e a consagração dele ao Coração de Maria era facto inteiramente novo.

Um evento radiofónico

Em 1942, não havia televisão. A rádio era então um meio de comunicação  bastante recente, moderno, que o Cardeal de Lisboa e depois o Pio XII iam utilizar para as suas mensagens.
Ao fundo deste recorte do Diário do Minho, vêm notícias da guerra: era ela que mobilizava os cuidados de Pio XII.

Fátima e a Igreja

No dia 30 de Outubro, véspera da celebração, o Cardeal de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, dirigiu-se ao país através da rádio para oficializar a posição da Igreja face a Fátima.
"Não foi a Igreja que impôs Fátima: foi Fátima que se impôs à Igreja", sintetizou.


O primerio recorte é do Diário do Minho, o segundo d'O Comércio do Porto.

No dia 31

No dia do Jubileu, o mesmo Diário do Minho volta a anunciá-lo, insistindo no caráter católico do acontecimento e nas suas implicações patrióticas.

O encerramento das Comemorações Jubilares

O encerramento do Jubileu das Aparições, em 31 de Outubro, decorreu em Lisboa, pois em Fátima ainda não havia basílica. Foi certamente um dia emotivo para a maior parte dos portugueses.
Mas nesta primeira página do Diário do Minho do dia seguinte não se alude à Consagração, o que é estranho. Se o comum das pessoas não a esperava, nos meios eclesiásticos deveria ser diferente...
Em Fátima porém vibraram com ela o P.e Mariano Pinho e o seu amigo P.e Abel Guerra; em Balasar, a Beata Alexandrina emocionou-se.
Quando por um telegrama tive conhecimento da consagração do mundo à querida Mãezinha, Jesus deixou-me ter uns rápidos momentos de consolação.
Fora de mim, não sabia como agradecer a Jesus e à Mãezinha. Levantava as mãos ao Céu e dizia:
Bendito Jesus, bendita a Mãezinha!
Parecia-me que ia eu mesma metre o Santo Padre inteirinho no Coração de Jesus e da Mãezinha. Que alegria, que alegria! (...)
Rezei o Magnificat e mandei acender uma lâmpada em honra da Mãezinha.
Veja-se este telegrama vindo de Roma no dia seguinte:
Finda a leitura da sua mensagem para Portugal, Sua Santidade recebeu, na Sala do Trono, o embaixador português Dr. Carneiro Pacheco e esposa, bem como o pessoal da Embaixada, alunos do Colégio Português e membros da colónia eclesiástica portuguesa em Roma.
Todas estas individualidade escutaram, na referida sala, a mensagem papal. O.F.I.
Há uma fotografia que regista um momento da proclamação da Consagração:

As pessoas referidas no telegrama, ainda não refeitas do espanto de terem ouvido a Proclamação da Consagração, que era um acto duma importância suma, em que o Papa punha toda a sua autoridade de sucessor de Pedro, perguntaram a Pio XII se aquilo era a sério. Sua Santidade confirmou que sim.

No JN

No dia 1 de Novembro, o Jornal de Notícias remeteu para o fundo direito da primeira página a notícia do encerramento do Jubileu e destacou também o seu carácter nacional.


Nas páginas interiores, contudo desenvolveu longamente o tema.
Mas paga a pena ver o fundo inteiro dessa página, onde se noticiam operações anglo-americanas no Egipto:

Winston Churchill haveria de afirmar um dia:
“Before Alamein we never had a victory. After Alamein we never had a defeat”.
"Antes de El-Alamein não trivemos nenhuma vitória. Depois de El-Alamein não tivemos nenhuma derrota". Era a campanha de El-Alamein que esatava  em marcha no Norte de África

A Proclamação da Consagração no Osservatore Romano

A Proclamação da Consagração - a parte restante da mensagem do Papa é mais de circunstância - parece ter sido feita por entre hesitações. Mas depois não havia mais que pensar, era preciso agir. No da seguinte, ela foi publicada no Osservatore Romano "em grandes letras". O autor do telegrama abaixo que o noticia ainda continua a falar de portugueses, sem perceber que na mensagem está toda a humanidade.

Da consagração do mundo ao Sagrado Coração de Jesus à sua consagração ao Imaculado Coração de Maria

No Diário do Minho do dia 4 saiu mais uma importante informação vinda do Vaticano sobre a consagração: ia ser dada "publicidade entre os fiéis à consagração da humanidade ao Imaculado Coração de Maria". E o telegrama realcionava a recente consagração com a que fora feita ao Sagrado Coração de Jesus, em 1899, inspirada por uma "Superiora do Convento do Bom Pastor do Porto".
Na mesma página, abaixo do telegrama, vinham notícias dos combates no Egipto.

No dia 9 de Dezembro

Veja-se a metade superior da primeira página do Diário do Minho do dia posterior à Imaculada Conceição de 1942. Agora já se não falava mais do Jubileu das Aparições: o grande tema era a Consagração do mundo ao Imacualdo Coração de Maria.

E Balasar? E a Alexandrina?

Com o diálogo abaixo,  de 1 de Outubro de 1954, entre Jesus e a Beata Alexandrina, concluímos esta página. Para outros aspectos da Consagração, veja-se aqui.

- Minha filha, à semelhança de Santa Margarida Maria, eu quero que incendeies no mundo este amor tão apagado nos corações dos homens. Incendeia-o, incendeia-o. Eu quero dar, Eu quero dar o meu Amor aos homens. Eu quero ser por eles amado. Eles não mo aceitam e não Me amam. Por ti quero que este amor seja incendiado em toda a humanidade, assim como por ti foi consagrado o mundo à minha Bendita Mãe. Faz, esposa querida, que se espalhe no mundo todo o amor dos nossos Corações.
- Como, Jesus? Como trabalhar dessa forma?! Se ele não é aceite por Vós, como hão-de os homens rece­bê-lo por mim?
- Com a tua dor, com a tua dor, minha filha! Só com ela as almas ficam agarradas às fibras da alma e depois se vão deixar os corações incendiar no meu amor.
Deixa que estes raios das minhas Chagas divinas vão penetrar nas tuas chagas escondidas, nas tuas chagas místicas.